Dor crônica é comum entre sobreviventes do câncer
O câncer continua sendo a segunda principal causa de morte no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A notícia boa é que cada vez mais temos um número maior de sobreviventes de câncer após os tratamentos oncológicos. A descoberta em estágios iniciais comprovadamente aumenta as chances de cura para a maioria dos tumores. A notícia ruim é que, infelizmente, às vezes a sobrevivência pode vir acompanhada de dor. O pós-tratamento pode deixar sequelas que são pouco consideradas, mas que fazem com que o paciente sofra demasiadamente com as dores crônicas, afetando 35% dos pacientes que superaram o câncer. É uma das sequelas dessa doença tão temida. Isso porque, procedimentos como radioterapia, quimioterapia e outros medicamentos utilizados no combate ao tumor podem lesionar nervos que comandam a sensibilidade à dor. São muitos medicamentos e terapias complementares, por pelo menos cinco anos.
Sobreviventes de câncer podem ter “dor de cirurgia”, especialmente se o cirurgião teve que cortar os nervos para remover o tumor. Por exemplo, as mulheres submetidas a uma lumpectomia ou a uma mastectomia podem sentir uma dor ou ardor na parede torácica. Pacientes com câncer de cabeça ou pescoço também podem ter dor após uma cirurgia no pescoço para remover os gânglios linfáticos. A dor pode persistir anos após a cirurgia.
Além disso, algumas quimioterapias são tóxicas para os nervos e causam dores ou certo desconforto. Além de danos nos nervos, sobreviventes de câncer também pode ter linfedema (inchaço doloroso, que ocorre quando o líquido se acumula nos tecidos onde não deveria). A drenagem linfática muda quando o cirurgião remove os gânglios linfáticos juntamente com o tumor. Os gânglios linfáticos podem não drenar como costumavam fazer. E os sobreviventes de câncer também podem ter dor ou problemas para mover partes do corpo que foram cortadas para remover um tumor.
O estudo do Sistema de Saúde Monte Sinai, nos Estados Unidos indicou que entre os 60 mil entrevistados, os tipos de tumor que mais costumam deixar sequelas doloridas são os que atingem ossos, rins, garganta, faringe e útero.
Cuidando dos sobreviventes
Com os avanços da ciência, pacientes com diversos tipos de câncer hoje têm uma sobrevida maior, especialmente se a doença é tratada logo no início. Por outro lado, a dor crônica é um dos efeitos de longo prazo mais comuns. Em alguns casos, a dor pode ser tão grave que impede as pessoas de desfrutarem a vida que lutaram tão arduamente para preservar.
O desafio é conhecer melhor e cuidar dessa população, assegurando qualidade de vida. E há muitas maneiras de tratar a dor pós câncer. O recomendado é uma abordagem multidisciplinar através de Neurologista Especialista em Dor, Médicos Especializados em Dor, Fisioterapeutas e Psicólogos. Basicamente uma combinação de medicamento, fisioterapia, exercício regular, intervenções psicossociais, radiação, massagem e acupuntura quando necessário.
Os sobreviventes não devem sofrer em silêncio.